glossário do esquema conceitual do possível serdual - abismo

Abismo

O abismo é o que separa os modos de ser e de existir. Nele não há linguagem, nem idioma, nem palavras, apenas sentimentos viscerais, apenas hiatos entre a subjetividade e a consciência, e a objetividade e a transcendência. É o corpo que fala, ao imaginar cair no abismo e a percebê-lo, em espírito a levitar no vazio. É no contato com o abismo que se manifesta o sagrado individual.

o vazio visceral…

“Pois são estas fagulhas temporais que fazem parecer que a eternidade se instala, nos ínfimos instantes em que ela está a durar e é um efeito tanto quanto se sente a hesitação, quando parece que o tempo para de correr e se percebe uma eternidade nos instantes em que se vive o estranhamento. É quando se abre um abismo entre o modo de ser e o modo de existir do sujeito. É o abismo, o nosso velho e conhecido abismo, também o abismo de Nietzsche, que tanto pode ser um vazio completo, de um niilismo submergente, quanto pode ser um local em que os monstros estão a aguardar o impotente e hesitante niilista para ser consumido a partir de suas vísceras.

Uma escuridão na qual se percebe olhos a nos observar, mas não enxergamos os tais olhos, mas sentimos que lá estão, a nos acompanhar sempre. Como saber dos perigos do abismo? Só há um meio: e basta pular nele. Pule! Pule! Feche os olhos e imagine-se a pular, a cair no vazio, a perceber os olhos a se aproximarem, e com os olhos as garras e bocas famintas, as entranhas de uma dimensão que a tudo absorve. Pule e sinta o que ocorre em seus pensamentos, o que irá lhe suceder…

hesita-se…

Provavelmente, neste momento, você hesitou, ou algo parecido, ao ler estes imperativos. Se hesitou, já pode perceber que este abismo é a hesitação, a brecha, a fissura que leva a lugar nenhum, que é tão desprezível que seduz, que atrai e faz com que todas as vísceras se movimentem. É o visceral, uma dimensão bem mais forte e superior ao obsceno. Enquanto o obsceno se manifesta na estrutura, como vimos e veremos, o visceral se manifesta no abismo, nos limites do caos, e é sentido nas próprias vísceras, que se remexem, a se comunicarem com o abismo.

No abismo, não há linguagem, nem idioma, nem palavras, apenas sentimentos viscerais, apenas consciência e poder sem resultados. É o corpo que fala, ou urra, a cair, e nada mais.” (em O Guia Cínico e Selvagem dos Jogos da Vida, Cap. VI)

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