glossário do esquema conceitual do possível serdual - anomalia

Anomalia

Algum acontecimento ocorrido e/ou apreendido de forma diferente do que o esperado. Um desprazer que se origina de algo que deveria dar prazer, por exemplo. Há a função que decorre das anomalias que dão uma profundidade extra aos acontecimentos como, por exemplo, o gozo, quando ocorre um prazer consciente concomitantemente a um desprazer inconsciente, ou vice-versa. Uma anomalia é sempre algo precioso e rica em dimensões interpretativas.

“O que nos ocorre então, como anomalia? Ao invés de se termos a sensação de se viver a breve eternidade nas frações de segundos, passamos a se ter algo oposto, que é sentir uma redução da própria existência, como se estivéssemos a sair de uma infinitude espacial para adentrar compulsoriamente em uma prisão temporal, numa cela diminuta e claustrofóbica que nos restringirá os movimentos.

Saímos da leveza da liberdade eterna e percebemos logo o tempo como um insensível carcereiro existencial. Nosso espaço e tempo se fecham em nós, simultaneamente, a nos dar paredes ao redor e tic-tacs de ponteiros de um relógio que começa uma contagem sem fim, ou melhor, com um fim que sabemos existir.” (em O Guia Cínico e Selvagem dos Jogos da Vida, Cap. II)

… eis a anomalia…

“Para algumas das Ciências, se as pudermos nomear assim, o que particularmente defendo que seja desta forma em especial para alguns dos ramos da Psicologia, mas não apenas esta, foi que o lamentável objetivo de suas ações terapêuticas passou a ser a “cura”. E a cura, neste caso, não é nada mais do que suprimir do “doente” esta anomalia percetiva: é deixá-lo insensível e dotá-lo de uma incapacidade seletiva de enxergar o real.

Quem, afinal, ainda não percebeu o quê? Quem precisa, verdadeiramente, perceber mais sobre tudo, o “doente” ou o suposto “curador”? Se não há doença, não há doente, e nem se faz necessário algum curador. Mas é preciso à estrutura criar tudo isto para que se possa se manter de pé. E o “doente” segue a vida, lado a lado com o seu curador, que seguem batendo suas cabeças, entre tombos e capotamentos, até que percebam toda tolice em que estão de forma irrefutável.” (em O Guia Cínico e Selvagem dos Jogos da Vida, Cap. V)

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