glossário do esquema conceitual do possível serdual - perversão

Perversão

“O que sempre ocorre de forma degenerativa é a perversão. E ela é a adoção intencional e desonesta de apenas uma das partes, seja da imanência ou da transcendência, da realidade ou da representação, e de acordo com a própria conveniência moral, que é quase sempre egoísta. Isso é corromper com o estabelecido, com a ordem na qual todos compartilham como a melhor possível, na perspetiva dada. Por isso, a subversão e a perversão serão antagônicas se dentro de uma mesma perspetiva. E as predicações serão sempre que as subversões, embora inusitadas, estarão dentro do esperado e a perversão, será algo condenável, pois irá contra a ordem vigente. Não se deve alocar a subversão na mesma esfera de atuação da perversão, desta forma.

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O pervertido é aquele que usa do dispositivo, ou melhor, do espírito para lhe fazer cumprir seus desejos. É o fundamentalista que se assume tomado pela influência de algo que a nada influencia, diretamente, mas apenas que está a refletir suas próprias e doentias emissões, e a colocá-las acima da ordem estabelecida, a negar o que os demais estão a emitir e a quererem para seus espaços comuns. Ele dá vida ao que quer, mas justifica-se pelo desejo do espírito. O pervertido é, assim, sempre um individualista extremo dotado de um egoísmo que o deixa sem a visão humana do próximo. E o que pode fazer a alguém o confundir com um psicopata – mas não é, necessariamente, um psicopata, pois pode possuir empatia, o que o psicopata não possui.

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Pervertidos percebem o outro sofrer, sentem a dor alheia, mas acreditam que o remédio que curará o sofrimento é a “verdade” que têm consigo, e por isso deseja impô-la ao outro. E tudo isso se dá pela tomada da transcendência como sua única fonte de verdade. Ou, no polo oposto, pela materialidade extrema, dada pela o que se supõe ser a máxima racionalidade, e apenas ela, sem considerar nenhum sentimento como verdadeiro. Há muitas formas de perversões, afinal, para além destas.

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Os verdadeiros pervertidos são essencialmente extremistas, e não são raros os vermos por aí. Alguns a militarem politicamente nas redes sociais, inclusive, a perverterem o que é a verdade compartilhada, do aceitável, do desejável como o bem. Pervertem o presente, o passado e o futuro. Produzem ameaças de utopias e de distopias. Estão por aí, publicamente, sem se preocuparem em disfarçar mais. Tais como são aqueles que chamamos de compartilhadores de fake news ou de teorias da conspiração. O fazem por perverterem propositalmente as condições éticas ou morais existentes.

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Diferentemente do que supostamente “disse” Jesus, os pervertidos sabem o que estão a fazer, e o fazem na mesma. Nem todos são “maus”, necessariamente, mas são eles mais facilmente os que poderão sê-lo, se acharem necessário, em relação aos demais. São uma legião, afinal. É o lobo que acredita ser uma ovelha.” (em O Guia Cínico e Selvagem dos Jogos da Vida, Cap. XV)

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