glossário do esquema conceitual do possível serdual - supremo bem

Supremo Bem

“Por isso, e para isso, o espírito obsessor se justifica existir. E se faz presente como supremo bem, para amainar as dores, aplacar os sofrimentos e dar fim aos rangeres de dentes. Serve para tirar o machado posto à raiz da bela e frondosa árvore do conhecimento universal. E serve, realmente, para ser uma resposta ao impossível, como veremos adiante. Pois tudo nele, e com ele, sempre será possível, e estará a liderar uma cruzada contra os heréticos adversários da universalidade do todo-poderoso real.

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O bem sempre é o alvo das atenções. O supremo bem é a cereja do bolo que o espírito obsessor promete, em todas as instâncias sociais que conhecemos. Não é raro escutarmos que o “sangue” de Jesus tem poder, que deus tudo pode e para Ele nada é impossível, que até mesmo o filósofo e economista britânico Adam Smith (1723 – 1790) “anteviu”, dois e meio séculos atrás, que mesmo as ações capitalistas (agora “evoluídas” para as neoliberais) são manipuladas para irem em direção a um certo “bem”, ao dizer que «o capitalista geralmente não tem intenção de promover o interesse público, nem sabe o quanto o promove… ele é guiado por uma mão invisível a promover um fim que não fazia parte de sua intenção», o que já é muito comovente, mas pode ficar ainda mais.

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Pois há comoções ainda maiores e ostensivas, até viscerais, pois mesmo recentemente, nas afirmações políticas do slogan «Brasil acima de tudo e Deus acima de todos», podemos perceber que tudo ainda é o mesmo do mesmo, nos sentimentos religiosos, patrióticos, econômicos etc., sempre direcionados ao bem idealizado como universal com algum tipo de agente transcendente envolvido, mesmo que outorgado contra o bom senso, há ali algo, invariavelmente.

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Portanto, a direção assumida como nosso destino individual e coletivo é sempre para o tal “supremo bem”, seja lá o que for isso considerado, mas que já se presume ser universal e, portanto, bom. Um loop infinito do nada que volta ao nada, mas que é funcional. Isto ocorre dentre todas e tantas aplicações, sinceras ou canalhas, bem ou mal-intencionadas, nas diversas estruturas. É uma constante. E assim, dentro das obsessões coletivas, são apenas as boas possibilidades que são meramente aceitáveis e consideradas automaticamente universais.”  (em O Guia Cínico e Selvagem dos Jogos da Vida, Cap. XIII)

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