glossário do esquema conceitual do possível serdual - tempo

Tempo

O tempo, afinal, não é o que temos, mas sim o que somos. O que temos são somente os instantes. E instantes não são o tempo, dado que o tempo é mobilidade e o instante é a imobilidade, uma imagem única de uma eternidade.

Leandro Ortolan

O tempo, afinal, não é o que temos, mas sim o que somos. O que temos são somente os instantes. E instantes não são o tempo, dado que o tempo é mobilidade e o instante é a imobilidade, uma imagem única de uma eternidade. O filósofo e teólogo Agostinho de Hipona – ainda quando Hipona[1] fazia parte do Império Romano – considerou que «as coisas que não estão no próprio lugar agitam-se, mas, quando o encontram, ordenam-se e repousam»[2] e isto é exatamente a diferença em que ele atribuía ao movimento e ao repouso. O movimento como o modo de ser, a essência divina, o caos. O repouso como modo de existir, o reencontro da parte com o todo, que muitos creditam a deus, à harmonia e à ordem. Esta é a ideia de que o repouso e a quietude são sempre mais desejáveis e nobres.

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Os cientistas, assim, precisam separar apenas o que lhes é possível, e em luta contra o tempo, antes que as mudanças sejam significativas, consigam atingir alguma condição em que o modo de ser coincida com o modo de existir. É isso que, todos, aliás, fazem com suas vidas, ao buscarem suas próprias realizações enquanto seres humanos e mortais, a correr contra o tempo, enquanto a vida está a ocorrer. Eis a razão de a morte ser evitada, indesejada e buscada ser superada. Tudo é uma corrida contra o tempo, uma tentativa de ter o que não se pode ter: o tempo. E de ser o que não se pode ser: os instantes.

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Buscar a universalidade é algo que todo o pensador honesto precisa redefinir para si, e para todos, o mais breve possível. Precisa ser corajoso para perceber e declarar, afirmativamente – claramente – o que está mesmo a pensar acerca dela, e tudo isto afirmado em ato tal expressivo, tais quais os melhores coaches-picolés que fazem suas declarações públicas das condições de sobre-humanos que julgam ser, ao se submeterem aos banhos congelantes que tomam de forma completamente impávida, a endeusarem-se.” (em O Guia Cínico e Selvagem dos Jogos da Vida, Cap. X)


[1] A atual cidade argelina de Anabba.

[2] Agostinho, Santo, 354-430. Confissões. São Paulo: Abril Cultural, 1980. (Os pensadores) – Cap. XIII – seção 9.

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