Abstract
A proposta deste artigo é, antes de tudo, algo que pretende ser tão agradável como a própria leitura e compreensão do legado filosóficoO filósofo contemporâneo acredita que a Filosofia seja uma ciência! E quer adotar seus métodos. Não é ciência! A Filosofia é a ameaça à ciência, a predadora, a provocadora, aquela que está a fazer a... Clique no termo para aceder à definição completa de David Hume (1711-1776). Eis, então, o resultado: Hume, o empirismo, a subjetividade e a intersubjetividade.
E por isso será uma espécie de trânsito pelas abordagens, de forma livre e objetiva, dada a limitação de páginas, acerca dos conceitos de empirismo e da subjetividade, do sujeito, e também da intersubjetividade (a resgatar conceitualmente em seus escritos, principalmente acerca da moralA moral é composta por básicos valores duais mais facilmente identificados em si mesmo e nos outros: o bem e o mal, o certo e o errado, etc. Clique no termo para aceder à definição completa, visto que é termo não utilizado por Hume), enquanto sujeito que se relaciona e que pode construir diferentes instâncias empíricas, em relacionamentos
"Podemos perceber, ao menos pelo aspeto das forças dos desejos, que os relacionamentos se estabelecem pelos entrecruzamentos dos desejos do desejante pelo desejável; e pelo desejável, quando assume igualmente um desejo pelo desejante e, assim, é... Clique no termo para aceder à definição completa e comunidades.
Para tanto, é importante a contribuição de alguns de seus comentadores, como Gilles Deleuze (1925-1995) acerca de sua profunda análise (com a desejada parcialidade e genialidade de Deleuze) da obra de Hume, e também da visão em análise contemporânea, com viés não só filosófico idealista, mas também psicanalítico, de Slavoj Žižek (1949-) acerca das significações sobre sujeitos enquanto sociais.
Palavras-chave
Empirismo, ceticismo, subjetividade, intersubjetividade, epistemologia, ética;
Introdução: Hume, o empirismo, a subjetividade e a intersubjetividade
A profundidade da obra de David Hume está instanciada em diversas abordagens acerca do conhecimento, da moral, da estética e que outras questões que se mostram integradas ao empirismo cético que o referencia.
A questão, em si, a ser tratada neste trabalho é a abrangência da transcendênciaA transcendência é tudo o que há para fora do indivíduo, seja pela falta de conteúdos mentais, pela incompletude dos conteúdos, ou pela incompreensão ou desconhecimento de tudo o que não consegue conhecer,... Clique no termo para aceder à definição completa do sujeito, no processo empírico, que se obriga a ultrapassar a si mesmo, mas não só. Além desta auto ultrapassagem, desta transcendência, há também o que Gilles Deleuze definiu como o processo reflexivo, mas não só. Por qual razão o duplo uso da expressão: “mas não só”?
Pois nem a transcendência do sujeito nem sua autorreflexão podem ser consideradas suficientes para uma completa abordagem das questões morais (quando das ações e relacionamentos humanos), e mesmo acerca da epistemologia, na obra de Hume. Há algo mais a ser considerado em sua obra, tal como um resgate de algo disponível nas entrelinhas, que não contradiz ou anula em nada o que Hume nos legou, mas que sim dá um significado maior a partir da releitura de sua obra a partir de uma hermenêutica contemporânea, para além de uma mera exegese limitada a seu tempoO tempo, afinal, não é o que temos, mas sim o que somos. O que temos são somente os instantes. E instantes não são o tempo, dado que o tempo é mobilidade e o instante... Clique no termo para aceder à definição completa, acerca de sua obra.
A obra de Hume não só permite a tal ousadia, mas também, em seu espíritoE, por isso, além de influenciar os indivíduos, esta suposta inteligência superior deve ser eficientemente capaz de se ocultar, pois há na maioria das pessoas a verdadeira certeza de que toda a ação é mesmo... Clique no termo para aceder à definição completa instigador, convida-nos a ampliar o conhecimento de um tema que embora discreto, seja central em sua fundamentação, para além do empirismo: a subjetividade e suas derivações.
E, a partir desta subjetividade, abordarei a questão da intersubjetividade.
O Empirismo
O sujeito empírico é, antes de tudo, o sujeito crente. E tal crença é, todavia, algo transcendental ao considerar sua própria condição gnosiológica.
A configuração de um input, a partir de um dado que é percecionado pelo sujeito, em um processo que produzirá uma impressão, em sua fundamentação epistemológica e derivará em uma ideia, há um conjunto de significações subjetivas, entre juízos, sentimentos e emoções inerentes a este processo e difíceis de serem separados de forma autônomaÉ o poder exclusivo de deliberar apenas segundo os seus próprios desígnios, e apenas desta forma. No livre-arbítrio radical e ativo, todas as ações são deliberadas, sem exceção, e de única responsabilidade de quem as... Clique no termo para aceder à definição completa, em limites indistintos. Tudo é uma mescla, um conjunto em que resulta uma significação
"Dentre tantos conceitos que deixaram de ser “impossíveis” e passaram a ser decretados possíveis, mesmo que nem sequer possam existir, como no caso da própria universalidade. Mas isso só se deu pela eficiente ação do... Clique no termo para aceder à definição completa na qual as partes não se mostram isoladamente. Mas, neste ponto, não é este o objetivo a ser tratado ou discutido.
O que está em causa"Há também o determinismo divino do filósofo holandês Baruch Espinoza (1632 – 1677), a partir de sua brilhante conceituação de causação imanente, em que a causa está no efeito, e o efeito está na causa,... Clique no termo para aceder à definição completa é justamente a capacidade, ou o pendão, do sujeito para a crença, como uma necessária componente para seu processo cognitivo e relacional com o mundo interior e exterior. A crença é o ato epistemológico do sujeito, o produto do processo próprio do conhecer e do interagir, do mover-se seja para saciar suas necessidades básicas de sobrevivência, seja para atingir o mais alto nível de exercício da própria humanidade. A crença é a redenção do sujeito enquanto solipsista para uma comunhão com o mundo interior e exterior. Franz Brentano (1838-1917) considerou que a consciência independe da linguagem, assim como a consciência da própria consciência. E como se pode ter uma autoconsciência
A consciência nos parece um fluxo de muitas coisas – principalmente pensamentos – e que também nos parece que não pode ser apreendida completamente em toda a sua cadeia de acontecimentos. Clique no termo para aceder à definição completa sem crer nela?
Há, contudo, uma necessidade essencial involuntária e também uma certa predisposição voluntáriaA vontade se dá pelo surgimento da oportunidade que surge da relação consciente, pois é uma força quase imanente, a buscar o potencial imanente. Clique no termo para aceder à definição completa do homem para crer. E, certamente por isto, Hume parte para defender uma instância de crença cética, com o objetivo de mediar, ajustar, equilibrar as capacidades de melhor conexão
A aderência é o nível de adesão ideológica, independente se há ou não o conhecimento da tal influência transcendental, ou se esteja em uma realidade artificial absurda, ou se haja o estranhamento ou a hesitação... Clique no termo para aceder à definição completa com a realidade
O deserto do real é mesmo vazio, inabitado e realmente hostil, sem nenhum oásis. Mas, o mais impactante é que é um deserto apenas daquele que o vislumbra. Clique no termo para aceder à definição completa, a separar o que é essencial do que é uma busca do desejo de crer, pelo próprio desejo em si. O sujeito crente, sem qualquer grau de ceticismo enquanto ser puramente “desejante
Eis a grande síntese da atração: poder como meio, possibilidades como fim. E nisso, o desejo, e principalmente o desejo pelo desejo do outro, pois isso significa que o outro, a desejar, estará a dar... Clique no termo para aceder à definição completa”, tenderá ao fundamentalismo, ao excesso, ao entorpecer seus juízos.
O fundamentalistaOs extremistas desejam mais da vida e desejam atingir o topo sem, contudo, conseguirem ou precisarem dar mais de si, ou mesmo por perceberem que lá, bem lá no fundo, não poderiam competir em pé... Clique no termo para aceder à definição completa é aquele que “sabe” diretamente, além do processo epistemológico, pois acredita cegamente, ao abrir mão de seus juízos, em algo que lhe é transcendental, como que pudesse beber diretamente o conhecimento de alguma fonte superior
O bem sempre é o alvo das atenções. O supremo bem é a cereja do bolo que o espírito obsessor promete, em todas as instâncias sociais que conhecemos. E se faz presente como supremo bem, para... Clique no termo para aceder à definição completa e exterior a si, tal qual uma revelação sublime, alheia a todo o processo racional que possui e abre mão de exercer sua própria intelectualidade, que o define humano, por algum tipo de benefício que acredita ter com tal fundamentalismo. Eis a fragilidade humana que Hume tão acertadamente considerou.
O sujeito, enquanto instintivo, sentimental e racional se divide e se compõe conforme o meio ao qual está inserido. É muito mais previsível que uma criança tenderá ao fundamentalismo em uma sociedade fundamentalista do que em uma sociedade democrática, multifacetada culturalmente e ideologicamenteA ideologia é como um espelho “mágico” com capacidade de causar alterações na imagem refletida, ainda que nem sempre o faça assim. Clique no termo para aceder à definição completa. As crenças
As crenças começam a serem formadas desde tenra idade, pela convivência e aprendizado, e iniciam a construção do que é chamado de subjetividade, ou de mundo interior, para o que seja verdadeiro ou falso, bom... Clique no termo para aceder à definição completa levam, segundo Hume, aos hábitos, o que atualmente as Ciências Cognitivas consideram uma espécie de condicionamento
O determinismo defende que a suposta escolha da pessoa é ilusória, pois considera que não haja opções verdadeiras ou realmente acessíveis para o decisor e invariavelmente este sempre escolherá o que já foi determinado por... Clique no termo para aceder à definição completa comportamental.
Mas a crença não é nem o final de um processo, tampouco o início de outro. Não é possível criar um modelo estruturalista comportamental prático, a separar causas e efeitos, pois os comportamentos humanos são complexos e passivos, ativos ou mesmo reativos a diversos fatores internos e externos.
Crer é algo que está profundamente no processo de como o sujeito se identifica, se mostra e se relaciona. Como lida com as associações de ideias em sua mente, como percebe coisasNo limite, ao se perceber na mais completa absorção da individualidade que algum dia pensou ter, totalmente absorvido por um ente maior, externo, perceberá que deixou completamente de ser um sujeito – quando estará a... Clique no termo para aceder à definição completa como semelhantes, como entende sobre sua localização espaço temporal
O sujeito hesitante revive este passado presente quando começa a questionar-se se o percurso feito até ali foi o mais apropriado, se era mesmo esta vitória e esta nova posição que queria realmente para si,... Clique no termo para aceder à definição completa e, por fim, quais suas relações construtivas de causalidade, nem sempre aceitas como universais.
O que não podemos deixar de atentar é que o sujeito só é transcendental pelas próprias crenças que possui e pela necessidade de inferir significado a algo que está além de si mesmo, em seu processo epistemológico. A associação entre crença e simpatia é verdadeira, embora não seja possível determinar qual, de facto, surge primeiro, pois é uma construção progressiva entre as mesmas, que levará o sujeito a ser moral e a praticar o ato moral, todavia.
A Subjetividade
Se o sujeito empírico é aquele que crê, então será subjetivo quando estiver a criar, ou melhor, a inventar. Inventar: “verbo transitivo direto: elaborar mentalmente; urdir, arquitetar” nos dá a inicial dimensão lexicográfica para perceber este conceito.
Ao transcender a si, pela crença, o sujeito se reflete ao ir além de sua parcialidade, do seu egoísmo, rumo a uma conexão com o universal, com o múltiplo ou com o unoHá um artigo escrito sobre o Uno, especificamente. Clique aqui para saber mais. «Plotino ensinou que existe um ser supremo, totalmente transcendente o “Uno”; além de todas as categorias do Ser e Não-ser. Seu Uno “não... Clique no termo para aceder à definição completa, ou qualquer coisa que lhe é externa. Transgredir à própria parcialidade requer habilidades nas quais as significações íntimas precisam se projetar ao mundo exterior, estabelecer conexões, adequar tais significações ao conjunto externo como que a aferir e a ajustar-se. Deste mundo externo fazem parte outros sujeitos a comporem um espaço em que as crenças individuais se atraem ou se repelem. E, assim, criam ambientes afins ou repulsivos ao sujeito que busca a interação.
Se o homem é um sujeito social, aristotelicamente, então é preciso perceber que esta sociedade não lhe é alheia ou independente, mas sim um ente em que todos os membros se fazem participar através de um determinado papel político, seja ativo ou passivo, mas principalmente pela comunhão de crenças comuns, em suas diversas instâncias. E quais são as instâncias? No mínimo[1], serão instâncias familiares[2].
É o momento de observar a sociedade como instâncias igualmente parciais, e não somente a totalidade. Assim, tais instâncias são formadas e sustentadas por crenças comuns de determinados sujeitos. Perceba, por exemplo, uma nação (ou comunidade, ou família) em que haja uma obrigatoriedade de participação involuntária, pois o indivíduo que nasce como cidadão desta estará inserido obrigatoriamente nela, enquanto necessário, e pelo desenvolvimento de seus juízos e sentimentos absorverá muitas de suas crenças e rejeitará outras, nem sempre possíveis de expressar abertamente sua inconformidade.
Nesta macro instância ele poderá ser menos parcial e por isso buscará exercer mais desta parcialidade ao participar de outras sociedadesA vida social possui valor pois passa a significar situações em que surgem as oportunidades: possibilidades reveladas e tornadas acessíveis. Clique no termo para aceder à definição completa, ainda que inseridas nesta macro sociedade, em que sua parcialidade seja mais declarável, mais compartilhável e interativa. Quanto mais aderente às instâncias, mais significa que sua parcialidade seja igualada à universalidade
A universalidade como possibilidade de um conceito imanente, dada como oportunidade, como um meio de se atingir o conhecimento. Ela deixou de ser uma resultante e passou a ser um ingrediente. Clique no termo para aceder à definição completa, como se o sujeito representasse a ideologia em sua máxima expressão, em um estado fundamentalista.
É por isso que as ideologias, resultantes destas múltiplas e excessivas organizações sociais, se fazem presentes. Assim, um indivíduo se realiza ao participar de uma nação, de uma religião, de uma organização política, de uma ou mais causas, de algumas formasEsta capacidade da autoconsciência é que irá definir se a relação é boa ou não – pois o que interessa, mesmo, é a forma como as relações estão estabelecidas que darão elementos para uma escala de... Clique no termo para aceder à definição completa que a sua parcialidade seja saciada com o exercício da ideologia vigente em conjunto com sua capacidade de inventar, de refletir a si mesmo nesta entidade
O modo de existir é a parte transcendente da quarta esfera do esquema conceitual do possível. Clique no termo para aceder à definição completa superior a si.
A dupla potência da subjetividade é tanto crer quanto inventar, pois leva o indivíduo a presumir, em si e nestas instâncias exteriores, poderes secretos em que pode alcançar, a transcender a si mesmo e atingir um grau maior de abstração. Da criaçãoO Universo é somente aquilo que conhecemos e que supomos existir, com o acréscimo de nossas crenças e desejos, vontades e intenções, tudo representado metafisicamente em nossa mente por algo transcendente que parece ordenar o... Clique no termo para aceder à definição completa vem a normatização, os limites em que tais possibilidades
Todas estas personagens que estudaremos aqui, dentre eles os filósofos Cínicos, os modernos gurus e os sobre-humanos coaches, estão mesmo a lidarem, ainda que de formas diferentes e até inusitadas, com uma mesma coisa: a... Clique no termo para aceder à definição completa parciais se chocam com a universalidade instanciada. As ideologias não são um lugar necessariamente harmônico e democrático, pois os membros ainda possuem algo de particular, algo de não aderente, que o incomoda e o distingue.
O processo de invenção do sujeito leva à distinção clara de poderes e à constituição destas universalidades, ou totalidades, que são funcionais pelos seus componentes, ou mesmo não funcionais, sem que o conhecimento epistemológico e racional se faça presenteA parte imanente da quarta esfera do esquema conceitual do possível. Clique no termo para aceder à definição completa. Da invenção surgem o que é bom ou não, o que é moral ou não. Isso explica os movimentos
"Mas, o fluxo de ida e de volta, de movimento e paralisia, entre qualidade e quantidade, se consistentemente realizado, chega a um ponto mediano, condensado, clusterizado, e que pode dar uma impressão de ser isto... Clique no termo para aceder à definição completa de nobres causas, das políticas que lutam por justiça e igualdade para minorias, pelo combate às desigualdades econômicas ou o que o valha, mas também explica o fundamentalismo, o terrorismo, as organizações criminosas. Para o bem
É preciso perceber que a busca pelo poder capaz de bloquear o mal é, em si, uma busca pelo bem, na perspetiva do buscador. O bem é resultado percebido e projetado. Clique no termo para aceder à definição completa ou para o mal
O pecado não é mesmo o que há de mais gostoso e tentador nas religiões, ao menos na maioria mais conhecida? O mal seduz, estimula e excita. Clique no termo para aceder à definição completa, a subjetividade sempre se faz presente e cria algo para além do individual
Não somos uma unidade, mas sim uma pluralidade convencida de ser uma individualidade, e em luta de ser o que nunca poderemos ser, de facto. Clique no termo para aceder à definição completa.
Cerca de duzentos anos após Hume escrever sobre tal subjetividade, Jacques Lacan (1901-1981) resgata o conceito e aprofunda-o, ao considerar que a própria subjetividade criativa do homem, quando reificada, simbolizada, exteriorizada, estabelece vínculos entre sujeitos que não somente conectam-se, mas que criam e sustentam uma entidade ideológica, superior e transcendental, assentada nas crenças individuais comuns na qual passa a direcionar suas próprias vidas, assumindo um papel central de determinação para as crenças, com viés quase divinoDeus, mesmo sendo uma criatura - a nossa criatura, foi e é essencial, até aqui, para chegarmos onde chegamos. Para sermos o que somos. O que resta questionar se isto é algo louvável ou reprovável.... Clique no termo para aceder à definição completa, ou totalmente divino, em um processo de retroalimentação contínuo deste simbolismo. Da subjetividade do sujeito origina-se esta intersubjetividade permissiva e igualmente criadora.
A Intersubjetividade
A simpatia, na Filosofia Moral de Hume, assume um papel central em que todas as necessidades do sujeito convergem para ela e que, a partir dela, o sujeito se realiza socialmente[3] e atinge níveis superiores de satisfação. A simpatia é uma relação de intersubjetividade, de conexão em que os subjetivos pessoais se conectam e interagem.
Esta simpatia leva o sujeito a abrir mão de sua particularidadeO perspetivismo considera sempre um contexto, um conjunto de condições e situações que são relevantes para o conjunto considerado. Clique no termo para aceder à definição completa e de buscar o prazer mais nobre e elevado do bem social, ao se afirmar como membro de uma comunidade e se destacar, recebe também um reconhecimento que retroalimenta a si e suas necessidades egoísticas de particularidades. Uma contradição[4]? Quanto mais universal, mais particular será, pois ampliará sua própria individuação e capacidade de atender às leis
A estrutura surgiu como uma vantagem competitiva e logo precisou de regras que possibilitaram ir das “más” ameaças às “boas” possibilidades. Clique no termo para aceder à definição completa morais (ou imorais, tal qual o copo meio cheio ou meio vazio
O abismo é o que separa os modos de ser e de existir. No abismo, não há linguagem, nem idioma, nem palavras, apenas sentimentos viscerais, apenas hiatos entre a subjetividade e a consciência, e a... Clique no termo para aceder à definição completa) da coletividade. Mas, nunca, será amoral, pois toda intersubjetividade é necessariamente moral.
Conclusão: Hume, o empirismo, a subjetividade e a intersubjetividade
Para além do que Hume considerou[5], as instâncias simpáticas da intersubjetividade possuem algum grau de reificação, de um espaço simbólico com vida própria e uma ética específica compartilhada e sustentada radicalmente pelos seus membros. Não há, portanto, a necessidade de uma liderança formal, ou um governo, para que esta sociedade seja gerida.
Há uma espécie de autogestão superior em que todos os sujeitos se mostram cumpridores e defensores naturalmente. É importante perceber que uma família, uma comunidade ou uma nação só existe, de facto, enquanto os sujeitos lá estiverem. Quantas culturas e idiomas, que antes eram exatamente esta intersubjetividade instanciada, estão atualmente mortas, sem existir?
Os graus de nacionalismo, se enraizados profundamente, levam ao sentido de patriotismo e a aversãoO pânico é, dentre tantos fatores e abordagens distintas, decorrente do aprisionamento ao momento do estranhamento, que se intenso poderá levar rapidamente ao pânico e à fobia do agora (agorofobia). Clique no termo para aceder à definição completa ao alien (estrangeiro) de sua própria identidade. Mas, ainda dentro de sua comunidade concidadã, há outras instâncias, minoritárias, que levam a uma atitude semelhante à xenofobia, ou à exaltação. Os sujeitos não apenas são cocriadores desta subjetividade como também a defendem tal como fosse sua própria vida, e muitas das vezes até abrem mão da vida em troca de uma afirmação
Um excesso de positividade que restringe a existência a uma parte diminuta e idealizada do todo, na qual as inconsistências rejeitadas não deixam de existir e, assim, causam seus estragos aos que não a querem... Clique no termo para aceder à definição completa profundamente fundamentalista.
Portanto, David Hume está atualíssimo com a capacidade de o sujeito inferir, crer, inventar e usar dos artifícios para atingir um estado epistemológico e moral em que sua experimentação com o mundo interior e exterior leva a uma subjetividade natural e a uma intersubjetividade intencionalBrentano propôs que o conceito do conhecimento fosse a inexistência intencional, em que o sujeito “conhece” cada objeto apenas em sua mente, primordialmente. Clique no termo para aceder à definição completa, reflexiva e autoafirmativa. Assim, podemos perceber melhor e acertadamente a nossa dinâmica social e as possibilidades de intervenções em prol de uma melhoria comum.
Bibliografia: Hume, o empirismo, a subjetividade e a intersubjetividade
Deleuze, Gilles. Empirismo e Subjetividade – Ensaio Sobre a Natureza Humana Segundo Hume, 1953. Tradução de Luiz B. L. Orlandi. Editora 34. São Paulo, SP, 2006.
Hume, David:
Investigações sobre o entendimento humano e sobre os princípios da moral. Tradução de José Oscar de Almeida Marques. 2003. São Paulo, Editora Unesp.
Obras sobre Religião. Traduções de Pedro Galvão e Francisco Marreiros. Introdução e Revisão Técnica da Tradução de João Paulo Monteiro. 2005. Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian.
Tratado da Natureza Humana. Tradução de Serafim da Silva Fontes. Prefácio e Revisão Técnica da Tradução de João Paulo Monteiro. 4.a Edição. 2016. Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian.
Žižek, Slavoj (org). Um mapa da Ideologia. 1ª Edição. 4ª Reimpressão. 2010. Rio de Janeiro, RJ. Editora Contraponto.
Ainslie, Donald C. (ed). The Cambridge Companion to Hume’s Treatise. 2015. Londres. Cambridge University Press.
Notas: Hume, o empirismo, a subjetividade e a intersubjetividade
[1] “Quando a tendência natural das suas paixões a leva a ser prestável e útil na sua esfera, aprovamos o seu carácter e amamos a sua pessoa por simpatia pelos sentimentos das pessoas que estão em ligação mais particular com ela. Somos prontamente obrigados a esquecer o nosso próprio interesse nos juízos deste género, em razão das contradições perpétuas que encontramos na sociedade e na conversação das pessoas que não estão colocadas na mesma situação e não têm o mesmo interesse que nós.” (Hume, 2016, Página 692)
[2] Hume, assertivamente, aborda a questão do estado de natureza, a considerar uma análise a partir da propriedade privada, como situação de justiça ou injustiça, mas de forma não restrita a justificar as conexões da intersubjetividade existente, embora supostamente conflituosa, nas instâncias familiares em que muitos filósofos paradisiacamente romantizam, na pré-constituição ao Estado de Direito: “Farei apenas uma observação antes de deixar este assunto: embora afirme que, no estado de natureza, ou o estado imaginário que precedeu a sociedade, não haja justiça nem injustiça, não afirmo que fosse permitido, neste estado, violar a propriedade dos outros. Apenas sustento que não havia nada que se parecesse com a propriedade e por conseguinte não podia haver nada que se parecesse com a justiça ou a injustiça.” (Hume, 2016, Página 577)
[3] “É apenas através da sociedade que ele é capaz de suprir estas deficiências e elevar-se à igualdade com as outras criaturas e mesmo adquirir superioridade sobre elas. A sociedade compensa todas as suas enfermidades; e, ainda que nesta situação as suas necessidades se multipliquem a todo o instante, essas capacidades são ainda aumentadas e deixam-no sob todos os aspetos mais satisfeito e feliz do que poderia jamais tornar-se no seu estado de selvajaria e de solidão.” (Hume, 2016. Página 560)
[4] “Todavia, se a simpatia é como o egoísmo, que importância tem a observação de Hume segundo a qual o homem não é egoísta, mas simpatizante? De facto, embora a sociedade encontre tanto obstáculo na simpatia quanto no mais puro egoísmo, o que, entretanto, e absolutamente muda é o sentido, a própria estrutura"A vida se dá na estrutura. Se existe alguma dualidade, tão duramente combatida pelos contemporâneos monistas, então há uma essência, ou alma, ou substância, ou uma mente separada, seja lá o que for, mas apesar... Clique no termo para aceder à definição completa da sociedade, conforme seja ela considerada a partir do egoísmo ou da simpatia.” (Deleuze, 2006. Página 23)
[5] “O estado de sociedade sem governo é um dos estados mais naturais do homem e deve persistir com a reunião de numerosas famílias e muito tempo após a primeira geração.”
Conteúdo Protegido: Hume, o empirismo, a subjetividade e a intersubjetividade